Hoje quero escrever sobre dois amigos, eu mesmo e
aquela pessoa com quem eu casar.
Nenhum dos dois ainda existe, mas quando existir,
eu voltarei aqui pra me lembrar de que me "tornei amigo de mim
mesmo", e com isso, poderei então me tornar amigo daquela da qual tanto
almejo.
Mas antes, o texto antes fala de amar a Deus
sobre todas as coisas.
Se você é um cristão deve saber que nas nossas
vidas e na vida dos personagens bíblicos, quando O buscamos de todo coração,
alma e forças, ele nos faz prosperar (longe de ser a financeira), o que quero
dizer está em dois exemplos claros: o tempo de juízes e os reis davídicos.
O período de Juízes foi marcado por um ciclo
desastroso onde o povo em paz (de guerras) se esquecia do Senhor, e assim Ele
levantava um opressor, e durante os anos de opressão os israelitas clamavam
pela ajuda de Deus e Deus assim os libertava, e voltava reinar a paz...
Quantos aos reis em Judá, reino do Sul, existiram
reis bons e os maus, e assim governavam a nação. Os bons eram devotos a YHWH,
os maus levaram o povo a idolatria. Destaco Ezequias e Josias, que foram
excelentes, pois com suas ações trouxeram um avivamento.
Pois bem, minha oração todas as manhãs a partir
de ontem (15/09) é que eu aprenda a amar a Deus assim, amá-lo com o mesmo amor
que Ele me ama, obviamente, em menor escala por razões óbvias: nada se compara
ao amor eterno e sacrificial de Deus.
Logo, assim poderei me amar.
Por que me amar? Porque hoje chego à conclusão
que até aqui, eu não tenho realmente me amado como deveria. Porque Deus tem me
dado oportunidades que eu pelas próprias mãos tenho-as rejeitado, não por
querer, mas por não ter ainda amadurecido a ponto de ser irrepreensível, o que
é exigido de um homem de Deus na liderança de sua igreja.
Rejeitei pelos meus erros que sempre os justifico
nos lugares e pessoas que passaram na minha vida no amor. Não que eu seja de
todo errado, é só questão de amadurecimento, não sou cruel ou mau, sou uma
pessoa extremamente carente de amigos e amor, porque saí de casa aos dezesseis
anos e de lá pra cá tenho tentado substituir de alguma forma a figura paterna
com essas pessoas. Por um lado não é de todo errado, longe de pais eu tenho que
ter alguém, mas não na mesma relação.
Nunca tratei nenhuma namorada ou amigo como um
pai ou mãe, nunca esperei isso deles, mas também nunca tratei uma namorada como
deveria tratá-la em sua totalidade, e isso chegou ao ponto onde estou
completamente, totalmente, absurdamente desgastado.
- Quero ser seu amigo Bruno, aqui fala Davi! -
Rio ao lembrar desse tempo em que eu mesmo me aconselhava com o segundo nome de
batismo.
Vou ao cinema, vou ao parque, leio um bom livro,
brinco com a minha cadelinha, sei viver sozinho, mas quando o sofrimento vem,
aprendi a construir muros que me protegem, mas ao mesmo tempo me afastam das pessoas
(não fisicamente), me afasta de mim mesmo e me afasta por último, de Deus - é o
espiral inverso de como devemos fazer para ter um bom relacionamento em todas
as áreas, como escrevi no começo: amar a Deus, a si mesmo e ao próximo.
Sendo assim, meu próximo relacionamento só será
após eu aprender a amar a Deus assim e a mim mesmo, para que eu não me frustre
mais e não magoe mais ninguém.
Eu escrevi uma carta, deve ser entre 2002-2004,
nela eu escrevo as perspectivas que tenho de alguém. Como cheguei perto de um
casamento esse ano pensei que fosse lê-la (a ideia é fazer isso no dia das
bodas), hoje será mais ou menos algo assim a falar dessa pessoa.
Que não sei quem é embora tenha uma projeção
dela: crente, madura e que ame ao Senhor, a si mesma e a mim.
A pessoa que mais me amou (ou mais tolerou os
meus defeitos e jeito de ser) é o que tenho em mente, tomei essa decisão de até
procurar ajuda profissional por mim mesmo, mas também por ela. Porque ela
também tem defeitos que no começo eu não tive amor e paciência necessária como
ela teve comigo, e agora eu quero fazer isso por ela, embora, os defeitos não
sejam tão grandiosos demais como um dia eu vi.
Na verdade, talvez ela tenha se encontrado antes
de mim, e isso seria bom para todas as pessoas pecadoras como eu: saber quão
grande são suas fraquezas, seu pecado, porque assim, tais pessoas aprendem a se
colocar no meu lugar e no lugar do outro quando erram, e não julgarem sem
piedade.
As pessoas hoje são impiedosas, como ministro eu
vejo vários colegas meus passando pelo mesmo problema esquecendo que o pastor
como líder dá sim conta de seus atos, mas a Deus.
Por isso aceito a Sua disciplina, e dou glórias
por isso, porque isso é demonstração de amor, e ele usa pessoas que vem nos
jogar pedras quando estamos na cruz, ele levanta pessoas que nos pisam quando
estamos caídos. Assim como Ele levantou o próprio filho de Davi contra ele,
assim como Ele levantou os caldeus contra Judá, mas todos estes que esqueceram
(ou nem souberam) que estavam sob o governo soberano de Deus, e extrapolaram
suas atitudes achando que estavam no lugar do Divino, Ele assim também tratará
de cada um. Não é “rogar praga”, é clamar pela disciplina de Deus quando o
mesmo foi aplicado a mim.
Porque não sou o único a ter que amadurecer e
equilibrar minha vida emocional...
Enfim, dessa pessoa, eu sinto muito a sua falta,
Vedder resume o que sinto na poesia “Black”:
“Oh, e sei que ela me deu tudo o que ela podia
E agora minhas mãos amargas se esfolam para alcançar as nuvens
O que era tudo?
Oh, todas as imagens foram banhadas em preto, tatuando tudo
Eu saio para passear
Sou cercado por algumas crianças brincando
Eu posso sentir suas risadas, então, porque eu desanimo?
Todo o amor tornou-se mal, transformou meu mundo em escuridão
Tatuando tudo que vejo, tudo o que sou
Eu sei que algum dia você terá uma vida maravilhosa, eu sei que você será uma estrela
No céu de um outro alguém, mas por quê? Por quê? Por quê?
Não pode ser, não pode ser no meu?
Nós, nós, nós, nós, nós deveríamos ficar juntos!”
Assim sou eu em relação a essa pessoa que ganhou
a admiração de todos, e a minha a cada vez que a conheço mais, mas isso não é o
bastante, é preciso amor, real, único e persistente até nos casos onde é difícil
assim o ser e fazer, e eu ainda não sei fazer isso e/ou ser assim.
Mas quando esse dia chegar, eu poderei voltar a
essa escrita e assinar embaixo dizendo: - Conseguimos! Conseguimos Senhor,
junto às pessoas que realmente me amaram nessa fase, que é hoje a mais difícil
da minha vida (sim! Mais difícil que qualquer outra e quem me conhece sabe as
fases que passei).
Certamente, nesse dia, eu mostrarei isso a ela, quando
eu puder provar que o que escrevo vai além de palavras, e daí, nem precisaria
dizer, porque ela já saberia, sentiria.
Isso é o que Roger Waters, dramaturgo, poeta,
filósofo e músico, retrata em "Outside the Wall":
“Sozinhos, ou aos pares
Quem realmente ama você
Faz de tudo do lado de fora do muro
Alguns de mãos dadas
Outros abraçados em grupos
Os de bom coração
Fazem sua parte
E ao lhes darem tudo o que têm
Alguns tropeçam e caem; afinal de contas, não é fácil
Fazer seu coração bater contra um
Muro amaldiçoado”
Eu construí ao longo dos anos o meu próprio muro,
cada relacionamento frustrado, cada vez que tentei fugir da realidade, cada ano
que se passou longe de meus pais, cada coisa foi mais um tijolo no muro, e
agora, decidido a mudar, expondo meus sentimentos, sou julgado pela própria
consciência que me diz: Derrube o muro!
Dói, porque quando você é exposto, mais pessoas
aparecem pra julgar para oferecer ajuda, contudo, uma ajuda de amor verdadeiro,
daqueles que também já fizeram cair seus muros, daqueles que aprenderam que
todo e qualquer ser-humano independente de sua posição erra, e às vezes erra
feio, e às vezes pode viver a vida inteira errando em algumas áreas... Se uma
só pessoa que sabe se por no seu lugar aparecer, ela ofusca cem pessoas que
aparecem pra te destruir.
Esse alguém é Deus, mas Ele levanta pessoas
assim, e eu tenho hoje pessoas que vejo a face de Deus, e nunca, jamais
esquecerei esse favor.
Mas quanto ao amor da minha vida, se for quem eu
quero e espero, estando sob a vontade de Deus, reviveremos as noites que nos
despedimos longamente no decurso dos minutos desejando que pudéssemos dizer um “boa
noite” mas juntos em nossa cama, nossa casa e nosso mundo.
Reviver as jogadas de xadrez da qual ganhei
todas, e até lá quem sabe ela pode me vencer? As viagens que fizemos, dos lugares que conhecemos separados e um dia podemos um ensinar ao outro quando voltarmos, ou juntos conhecermos novos lugares. Compartilhar os livros que lemos,
os passeios nos parques, as noites de cinema, as alegrias e as lágrimas das
quais eu não crie e possa consolar. A alegria do primeiro encontro, do primeiro
abraço e do primeiro beijo. Da única flor que a dei feita pelas minhas próprias
mãos.
Não seria ótimo se pudéssemos acordar pela manhã
quando o dia é novo? E após passar todo o dia juntos ficarmos juntinhos por
toda a noite?
É o que penso, desejo, espero e oro. Então, não
teria uma única coisa que nós não poderíamos fazer, nunca mais separações,
nunca mais alguém entre nós. Mas quanto mais eu falo e desejo, hoje, as coisas
pioram porque ainda não estou maduro. Quanto mais eu falo mais piora viver sem
todas essas coisas, antigas que se foram e novas que virão, quando já
poderíamos estar vivendo por diversas vezes que tive oportunidade de consertar,
mas eu só piorei no decurso do tempo.
Então devo me preparar pra quando esse dia
chegar, ali, em Deus, O estarei amando, amando a mim mesmo, e como o amor que
Dele vêm poderei a amar com o amor que Cristo amou sua igreja.
Que assim como foi com Onésimo e Filemon, seja a
mim e a pessoa que Deus me preparou: “Pois
acredito que ele veio a ser afastado de ti temporariamente, a fim de que o
recebas para sempre”.
Amém.
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